segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Paulinha e Lilly

Cão e Bebê

Você acabou de ter um bebê. Preocupado com a reação de seu cachorro, entra em casa com todo o cuidado para que ele não cheire nem chegue perto da criança, até o prende para evitar problemas. Instala seu filho no seu quarto e, a partir desse dia, seu cão fica proibido de entrar lá. Quando o bebê vai para a sala e o cão tenta se aproximar, você logo grita para que se afaste ou ainda o põe para fora e fecha a porta.

Seu pet ainda é muito amado, mas a alegria, a novidade e os cuidados dispensados a uma criança recém-chegada são tão grandes que o Totó acaba sendo ignorado. Infelizmente, muitos proprietários de cães acabam agindo dessa forma, chegando a doá-los e até mesmo sacrificá-los, com medo que ataquem as crianças. No caso específico dos gatos, seus donos, levados por uma velha crença, temem que os bebês sejam sufocados por ciùme.

Porém, para o Totó, a situação é outra. Seu dono volta para casa com algo embrulhado em panos e, em vez de fazer festa e passar a mão nele, fica irritado com sua presença e grita: "Sai daqui!". Desde que "aquilo" chegou, as coisas mudaram: o cão não recebe quase carinho nem pode entrar no quarto onde colocaram "aquilo"; e esse era o quarto favorito dele, onde dono e cão passavam horas conversando e brincando. Quando o dono chega sem o embrulho, dá atenção, mas quando está com ele, expulsa o cachorro. "Eu não gosto do embrulho", pensa o cão abandonado.

O pensamento do Totó explica bem a situação. Qualquer ser inteligente não vai gostar de algo que transformou sua boa vida em algo ruim. Procure entender as associações que seu co possa estar fazendo e lembre-se de que seu grande amigo não merece ser esquecido por você ter decidido ter um filho. Tente sempre:
. impedir que o cão entre no quarto do bebê alguns dias antes de ele chegar, assim evitará a associação de perda de território com a presença da criança.
. levar um pano com o cheiro do bebê para o cachorro e deixe-o cheirar, brincar e até dormir com o pano, assim associará o cheiro da criança com coisas positivas.
. dar atenção e petiscos para seu mascote sempre que o bebê estiver presente.

Seguindo esses passos, é praticamente impossível que surjam problemas na relação do cão com a criança. Lembre-se de como você é importante para seu pet e que o mundo dele gira em torno de você.

Não à agressividadeNo entanto, há casos em que os donos vão necessitar de orientação profissional para contornar os problemas causados pelo ciúme, principalmente quando os sinais de agressividade já estão evidentes. Tome cuidado:
Não reforce um comportamento negativo. Por exemplo, se você estiver andando pela casa com o bebê no colo e o cão se aproximar rosnando, na tentativa de criar boas relações, e você jogar um petisco para ele, vai estar recompensando-o por rosnar. Suas intenções não bastam, o importante é o que o seu cão percebe. Para ele, você jogou o biscoito porque ele estava rosnando.

Um cachorro superpossessivo que impede qualquer pessoa, inclusive o marido, de se aproximar de sua dona vai se sentir recompensado sempre que, ao rosnar e latir, quem estava se aproximando se retirar, mesmo demonstrando que está bravo. Com isso, o animal conseguiu o que queria: evitar a aproximação da outra pessoa. Nesses casos, procure evitar o sucesso em sua intenção: garanta que a pessoa consiga chegar perto de você ou vice-versa. Para evitar as eventuais mordidas, procure progredir pouco a pouco.

Esses problemas são menos freqüentes em gatos, mas acontecem. Agora, se você está se desfazendo de seu bichano por medo que sufoque seu bebê, saiba que não existe nenhuma evidência concreta de ocorrências dessa natureza nem trabalho sério que a relate.(Alexandre Rossi)